Situado na localidade de Chão Bom, o Campo de Concentração do Tarrafal foi construído em 1936. No principio era uma colônia penal e funcionou até 1956. Em 1962 foi reaberto com o nome de “Campo de Trabalho de Chão Bom”, destinado a encarcerar os anticolonialistas de Angola, Guiné Bissau e Cabo Verde. No total foram presas mais de 500 pessoas, sendo 340 antifascistas e 230 anticolonialistas.
Em 18 de Outubro de 1936, partiram de Lisboa os primeiros 152 detidos, entre os quais se contavam marinheiros que se tinham amotinado a bordo de um navio de guerra no Tejo.
Entre as prisões políticas, a de Chão Bom representa o auge de um dos regimes totalitários mais sombrios do século XX – o regime salazarista. Está gravado no imaginário dos portugueses, angolanos, guineenses e cabo-verdianos como o «campo da morte lenta», devido a prática de crimes hediondos, deixando marcas físicas e psicológicas irreversíveis, naqueles que ousaram opor-se à ordem político-social vigente do Estado Novo.
As condições de sobrevivência no Campo de Concentração eram duras e desumanas. Os maus tratos, o isolamento e as humilhações aos quais os presos eram ali sujeitos, conduziram muitos à morte. Para além do trabalho forçado, as torturas recorrentes como a frigideira, a estátua, a tortura do sono, os espancamentos, figuravam as práticas desumanas.
O Estado Novo ao criar este campo pretendia atingir dois objectivos: afastava da metrópole presos problemáticos, e, através das deliberadas más condições de encarceramento, enviava um sinal de que a repressão dos contestatários seria levada ao extremo.
Após a sua desativação, o complexo funcionou como centro de instrução militar e desde 2000 alberga o Museu de Resistência.
Pelos elementos estruturais, históricos, funcionais e simbólicos, este campo, equipara-se a outros espaços homónimos erguidos durante a vigência dos regimes totalitários que proliferaram pela Europa (1933-1945), sendo os mais sintomáticos Auschwitz e Dauchau.
(Fonte: IPC e CMT)
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